domingo, 13 de abril de 2008
inSANIDADE
"Sinto falta dele... ele não me procura... quando a senhora morrer perderemos o contato e seremos estranhos um para o outro..."
"Você não nos ama, isso nós já sabemos, e sabemos que se sua esposa gostar de nós, tudo bem, teremos você e ela, seremos uma família maior e feliz, mas se ela não gostar perderemos não só ela mas você! Porque como eu disse você não nos ama, e para você tanto melhor não estar perto de nós...
"Mas ela o leva para junto da família dela diversas vezes e não faz questão de estar perto de nós...queimou o filme comigo.
"Você não liga de estar no meio de pessoas que não se importam com você!
De repente começou a pensar se estaria louco ou ficando quem sabe...
Não estaria louco se pudesse pensar uma coisa dessas? Talvez.
Já ficara uma vez... Não seria novidade. No último episódio teve certeza que sua mãe queria matá-lo... (Mesmo depois de tratado ainda tinha dúvidas...)
Sua dúvida agora era sobre a certezas que tinha. (Mais suspeitas que certezas).
Sentia que sua mãe e irmão não gostavam muito dele, haja vista a forma como o tratavam, a forma como tentavam controlar sua vida...
Irritava-o sobremaneira o vício de linguagem da mãe: nossa vida, nossa namorada, nosso apartamento...
Ele morava só, a mãe não era lésbica nem as namoradas promíscuas, a vida que até hoje se saiba, só pertence a uma única pessoa que a vive.
Muitas coisas o irritavam...
O que atiçava sua mente agora era a idéia, não muito inédita, que fosse ele o vilão...
Quem sabe ele não fosse um chato como todos (a família) proclamavam? Que tinha um gênio do cão, que não se dava com ninguém.
O mais implausível de tudo é que ele tinha amigos, convivia bem com estes e tivera namoradas e o namoro que a mãe mais gostou só acabou por que a própria mãe se intrometera demasiado.
Ele ficava triste e transtornado.
De fato não amava a mãe e o irmão...Não como eles desejavam.
sexta-feira, 7 de março de 2008
Relapso
Muitas vezes pensamos que nossos atos falhos servem apenas para nos fazer pagar grandes "micos", e vez por outra enrubescer.
Um desses atos falhos quase me impediu (eu quase me impedi) de viajar...
Contudo não poderia evitar o inevitável.
Um grande sofrimento...
Reencontrar aquilo que mais o feriu, que mais marcou, e ainda marca e fere.
Expectativas...
Frustações.
E perceber que não está nas suas mãos mas nas do outro.
E o outro é imprevisível e sempre fala por metáforas e sinais... todos falamos.
Não importa o que eu faça, isso em nada muda a situação ou a empolgação desse maldito outrem. Cantadas frouxas, cantadas sujas.
Frases soltas.
Casamento em 2020...
Eu bancando o palhaço.
A família reunida.
Festa, outras cantadas, outros olhares... atraente...(sem falsa modéstia).
Dia seguinte, agrados, presente... abraços, molemente se enlaçando em mim.
Nada.
Resisto.
A contra gosto.
Nem sei o que faço.
É muito feio alguém da minha idade chorar?
É um choro de fracasso, como perder a corrida... e eu tinha carro? estava na competição afinal?
Nada.
Adversários desconhecidos...
Sempre na volta final eu morro.
E desclassifico.
Sua indisponibilidade corrói minhas defesas... mais uma vez fiquei doente...
Fazendo o corpo pagar pela doença do coração.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Dum du ru tu du dum dum
I'm gonna fight them off
A seven nation army couldn't hold me back
They're gonna rip it off
Taking their time right behind my back
And I'm talking to myself at night
Because I cant forget
Back and forth through my mind
Behind a cigarette
And the message coming from my eyes
Says leave it alone
Don't want to hear about it
Every single ones got a story to tell
Everyone knows about it
From the Queen of England to the hounds of hell
And if I catch it coming back my way
I'm gonna serve it to you
And that ain't what you want to hear,
But thats what I'll do
And the feeling coming from my bones
Says find a home
I'm going to Wichita
Far from this opera for evermore
I'm gonna work the straw
Make the sweat drip out of every pore
And I'm bleeding, and I'm bleeding, and I'm bleeding
Right before the lord
All the words are gonna bleed from me and I will
think
No more
And the stains coming from my blood
Tell me go back home
http://br.youtube.com/watch?v=buIkPVqys1U
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Distress
Logo de início já preciso de férias!
Não somos super-heróis...
1) Precisando me perder...
2) Torpor urgente!
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Carnaval
Ele: tirolês. Ela: odalisca; Eram de culturas muito diferentes, não podia dar certo. Mas tinham só quatro anos e se entenderam. No mundo dos quatro anos todos se entendem, de um jeito ou de outro. Em vez de dançarem, pularem e entrarem no cordão, resistiram a todos os apelos desesperados das mães e ficaram sentados no chão, fazendo um montinho de confete, serpentina e poeira, até serem arrastados para casa, sob ameaças de jamais serem levados a outro baile de Carnaval.
Encontraram-se de novo no baile infantil do clube, no ano seguinte. Ele com o mesmo tirolês, agora apertado nos fundilhos, ela de egípcia. Tentaram recomeçar o montinho, mas dessa vez as mães reagiram e os dois foram obrigados a dançar, pular e entrar no cordão, sob ameaça de levarem uns tapas. Passaram o tempo todo de mãos dadas.Só no terceiro Carnaval se falaram.- Como é teu nome?
- Janice. E o teu?
- Píndaro.
- O quê?!
- Píndaro.
- Que nome!
Ele de legionário romano, ela de índia americana.
Só no sétimo baile (pirata, chinesa) desvendaram o mistério de só se encontrarem no Carnaval e nunca se encontrarem no clube, no resto do ano. Ela morava no interior, vinha visitar uma tia no Carnaval, a tia é que era sócia.
- Ah.
Foi o ano em que ele preferiu ficar com a sua turma tentando encher a boca das meninas de confete, e ela ficou na mesa, brigando com a mãe, se recusando a brincar, o queixo enterrado na gola alta do vestido de imperadora. Mas quase no fim do baile, na hora do Bandeira Branca, ele veio e a puxou pelo braço, e os dois foram para o meio do salão, abraçados. E, quando se despediram, ela o beijou na face, disse -Até o Carnaval que vem- e saiu correndo.
No baile do ano em que fizeram 13 anos, pela primeira vez as fantasias dos dois combinaram. Toureiro e bailarina espanhola. Formavam um casal! Beijaram-se muito, quando as mães não estavam olhando. Até na boca. Na hora da despedida, ele pediu:
- Me dá alguma coisa.
- O quê?
- Qualquer coisa.
- O leque. O leque da bailarina.
Ela diria para a mãe que o tinha perdido no salão.
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No ano seguinte, ela não apareceu no baile. Ele ficou o tempo todo à procura, um havaiano desconsolado. Não sabia nem como perguntar por ela. Não conhecia a tal tia. Passara um ano inteiro pensando nela, às vezes tirando o leque do seu esconderijo para cheirá-lo, antegozando o momento de encontrá-la outra vez no baile. E ela não apareceu. Marcelão, o mau elemento da sua turma, tinha levado gim para misturar com o guaraná. Ele bebeu demais. Teve que ser carregado para casa. Acordou na sua cama sem lençol, que estava sendo lavado. O que acontecera?
- Você vomitou a alma - disse a mãe.
Era exatamente como se sentia. Como alguém que vomitara a alma e nunca a teria de volta. Nunca. Nem o leque tinha mais o cheiro dela.
Mas, no ano seguinte, ele foi ao baile dos adultos no clube - e lá estava ela! Quinze anos. Uma moça. Peitos, tudo. Uma fantasia indefinida.
- Sei lá. Bávara tropical - disse ela, rindo.
Estava diferente. Não era só o corpo. Menos tímida, o riso mais alto. Contou que faltara no ano anterior porque a avó morrera, logo no Carnaval.
- E aquela bailarina espanhola? - Nem me fala. E o toureiro? - Aposentado.
A fantasia dele era de nada. Camisa florida, bermuda, finalmente um brasileiro. Ela estava com um grupo. Primos, amigos dos primos. Todos vagamente bávaros. Quando ela o apresentou ao grupo, alguém disse -Píndaro?!- e todos caíram na risada. Ele viu que ela estava rindo também. Deu uma desculpa e afastou-se. Foi procurar o Marcelão. O Marcelão anunciara que levaria várias garrafas presas nas pernas, escondidas sob as calças da fantasia de sultão. O Marcelão tinha o que ele precisava para encher o buraco deixado pela alma. Quinze anos, pensou ele, e já estou perdendo todas as ilusões da vida, começando pelo Carnaval. Não devo chegar aos 30, pelo menos não inteiro. Passou todo o baile encostado numa coluna adornada, bebendo o guaraná clandestino do Marcelão, vendo ela passar abraçada com uma sucessão de primos e amigos de primos, principalmente um halterofilista, certamente burro, talvez até criminoso, que reduzira sua fantasia a um par de calças curtas de couro. Pensou em dizer alguma coisa, mas só o que lhe ocorreu dizer foi -pelo menos o meu tirolês era autêntico- e desistiu. Mas, quando a banda começou a tocar Bandeira Branca e ele se dirigiu para a saída, tonto e amargurado, sentiu que alguém o pegava pela mão, virou-se e era ela. Era ela, meu Deus, puxando-o para o salão. Ela enlaçando-o com os dois braços para dançarem assim, ela dizendo -não vale, você cresceu mais do que eu- e encostando a cabeça no seu ombro. Ela encostando a cabeça no seu ombro.
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Encontraram-se de novo 15 anos depois. Aliás, neste Carnaval. Por acaso, num aeroporto. Ela desembarcando, a caminho do interior, para visitar a mãe. Ele embarcando para encontrar os filhos no Rio. Ela disse -quase não reconheci você sem fantasias-. Ele custou a reconhecê-la. Ela estava gorda, nunca a reconheceria, muito menos de bailarina espanhola. A última coisa que ele lhe dissera fora -preciso te dizer uma coisa-, e ela dissera -no Carnaval que vem, no Carnaval que vem- e no Carnaval seguinte ela não aparecera, ela nunca mais aparecera. Explicou que o pai tinha sido transferido para outro estado, sabe como é, Banco do Brasil, e como ela não tinha o endereço dele, como não sabia nem o sobrenome dele e, mesmo, não teria onde tomar nota na fantasia de falsa bávara-
- O que você ia me dizer, no outro Carnaval? - perguntou ela. - Esqueci - mentiu ele.
Trocaram informações. Os dois casaram, mas ele já se separou. Os filhos dele moram no Rio, com a mãe. Ela, o marido e a filha moram em Curitiba, o marido também é do Banco do Brasil- E a todas essas ele pensando: digo ou não digo que aquele foi o momento mais feliz da minha vida, Bandeira Branca, a cabeça dela no meu ombro, e que todo o resto da minha vida será apenas o resto da minha vida? E ela pensando: como é mesmo o nome dele? Péricles. Será Péricles? Ele: digo ou não digo que não cheguei mesmo inteiro aos 30, e que ainda tenho o leque? Ela: Petrarco. Pôncio. Ptolomeu.
Madrugada
Mudar a rotina, transformar esse vício numa rotina.
Pensamentos, papéis, muita coisa a ser feita, novo ano letivo... projetos e promessas...
Droga de insônia, desse jeito vou chegar só o pó na aula.
sábado, 2 de fevereiro de 2008
Elogios da Mediocridade (1)
Afogue seus sentimentos.
Use os corpos dos outros.
Jamais ame.
Ame-se e a mais ninguém.
Egoísmo é a resposta a todas as suas preces!
Boa sorte.